Quantas idas e vindas, quantas corridas, quantos saltos, quantos tropeços e quantos tombos. Ás vezes afundamos após as quedas, mas geralmente costumamos nos levantar, engolir as lágrimas, limpar os joelhos e continuar andando. No começo ainda damos algumas mancadas, mas depois que a dor passa, voltamos a correr, a saltar, a tropeçar e a cair novamente.
A cada salto um novo desafio, a cada tropeço uma nova experiência e a cada tombo novas marcas que nos farão lembrar o quanto fomos inexperientes. Até que um dia aprendemos que o melhor mesmo é sermos constantes, caminharmos sempre para tropeçarmos pouco e tombarmos raramente.
Na vida existem pessoas que aprendem rápido, outras gostam de repetir as experiências e acabam passando por tudo novamente, mas no final aprendem. Há também aquelas que adoram viver as mesmas emoções incessantemente como quem ouve aquele CD pirata, com as 100 melhores músicas da última semana em MP3. Para cada emoção, um vale a pena ver de novo. E como vale: Ah! pena…
O ser humano nasce só, aprende a viver em sociedade mas esquece que um dia irá morrer, também só. Por isso a tal angústia da finitude. A questão aqui não é quem vive mais, tampouco, quem morre primeiro – pelo menos não no real sentido da palavra.
As pessoas se matam todos os dias de várias formas diferentes. Quando furam a fila bem na sua frente e você não diz nada, quando te trancam no trânsito, quando puxam um gatilho, quando levam o tiro. Quando de toda e qualquer forma tiram proveito de você, à medida que você releva, você está assinando a sua sentença. Hoje não é nada, mas amanhã é um estresse, uma pressão alta, depois um complexo novo que inventam só pra você, um câncer e, por fim, caixão.
Pra não dizer que nunca levamos em conta, acho que esquecemos da importância de sermos independentes e de respeitarmos o espaço do outro. Isso pode ser em qualquer âmbito da vida de alguém. Um casal por exemplo, com “tututuco” pra cá, “tututuca” pra lá, “bizunguinha” aqui, “bizunguinho” acolá, é incrível como sempre esquecem que “tututuco” ou “tututuca” precisa de um tempo sozinho(a).
A intromissão é tanta que em casos mais complicados – onde uma das partes já tem a auto-estima afetada por um daqueles complexos novos que inventaram só para ela – que a pessoa pára de viver a sua vida e começa a viver a vida do outro. São planos pra viverem juntos, casar, se “formarem” (dá até pra pular essa parte), trabalhar e ter filhos. É, até os filhos são para os planos imediatos… Os netos ficam para os planos de logo prazo. Mas quem é que quer tudo isso mesmo?
Ah! mas isso é balela… Não duvide! O pior é que amanhã mesmo o seu bizunguinho – aquele que queria casar, ter filhos e tudo mais – pode acabar o relacionamento contigo porque ele acha que “bizunguinha” é um atraso na vida dele. Ele vai aparecer no outro dia com a nova “tututuquinha” e dois meses depois vai dizer por ai que já namora há três… Dá pra acreditar que quem fazia aqueles planos já traía?
O perigo que tudo isso traz, é que se você for do tipo de pessoa que adora flashback’s, você vai ter um surto de independência e vai se dar um tempo só, pra pensar na vida. Algum tempo depois vai encontrar alguém e que vença o melhor na guerra pra ver quem cria os planos primeiro e quem vive do sonho de quem…
É mais fácil embarcar num sonho prontinho. Minha dica é: Um casal não pode ter um sonho. Um casal precisa de sonhos, em totalidade e no plural. Sonhos sonhados pelos dois. E uma pessoa não pode viver unicamente do sonho do outro. O ser humano tem o dom de sonhar e o poder de interpretar seu sonho. Se o homem não sonha, o que resta para esse homem além da angústia da finitude?
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